sexta-feira, 5 de março de 2021

Teológico niilista

 


(Soneto com versos decassilábicos com acentuações nas 3.ª, 6.ª e 10.ª sílabas métricas de cada verso.)




Desengane-se aquele que bem pensa

imortal alma haver o peito humano.

Não há Deus neste mundo e só no engano

do Viver é que existe uma tal crença.


Não se iluda o mortal, não se convença

do Morrer, que a nós chega tão ufano,

que não venha e não leve o peito insano

na razão que à Razão mais põe detença.


Vais morrer, como eu vou, e serás pó

sem de ti restar vã recordação

a não ser na memória de quem vive.


Quando a Morte da Vida esse teu nó

te cortar, Deus verás nessa ilusão

que em meu peito a chorar eu nunca tive.